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Nós temos memória e é importante que façamos balanço, especialmente numa altura em que uma boa parte do país parece sofrer de uma espécie de amnésia que enviesa a percepção das realidades e entorpece o espírito crítico, enfraquecendo a vontade de mudança.
Quem em Coimbra vive e trabalha, não pode deixar de constatar que esta cidade parece ter soçobrado num colete-de-forças que a impede de libertar as suas energias e desenvolver potencialidades. Tanto no plano económico como nos planos científico-cultural, ambiental, demográfico e urbanístico a cidade estagnou, perdeu energia, capacidade de atracção e de afirmação.
Coimbra é hoje uma cidade cada vez mais periférica no contexto das cidades médias nacionais e europeias. É uma cidade de futuro incerto, enquanto entidade agregadora à escala regional.
Sucessivos governos autárquicos, ora do PS, ora do PSD/CDS navegaram à bolina, fazendo uma gestão casuística sem qualquer visão estratégica, nem projecto de desenvolvimento que potenciasse todas as suas energias e capacidades criativas, conferindo-lhe protagonismo e singularidade identitária.
Foi assim, que sucessivas campanhas de marketing político inconsequente e esvaziado de conteúdo operacional quiseram alcandorar Coimbra como Cidade Museu, capital da Cultura, capital da Saúde e do Conhecimento. Como corolário, Coimbra arrisca-se a ser, sobretudo a capital das oportunidades perdidas, da especulação imobiliária e do caos urbanístico.
Os dois últimos mandatos da maioria de direita, mais não fizeram do que prosseguir este rumo de governação autárquica ziguezagueante, caracterizado pela falta de transparência, de diálogo com a cidade, de incompetência, de nepotismo e clientelismo, gerando fortes fumos de corrupção. De que são exemplos paradigmáticos as ligações tóxicas estabelecidas entre a Câmara, o futebol e os interesses da construção imobiliária, consubstanciadas, nomeadamente, no caso do Eurostadium ou dos Jardins do Mondego, ou ainda as nebulosas negociatas que envolveram o caso da venda do edifício dos Correios, ou a construção do estacionamento da Bragaparques. Todos estão ligados por um denominador comum indissociável: foram negócios que geraram fortes proventos, lesando interesses da cidade, dos cidadãos e do Estado.
Coimbra não pode ficar condenada a refém da mediocridade e da incompetência dos que comandam e têm comandado os seus destinos. Seja rosa ou laranja, “com ambição”, “com amor”, ou “com trabalho” o que estes senhores têm para dar a Coimbra é mais do mesmo, a evolução na continuidade. São as únicas forças políticas que na história da democracia geriram os destinos da cidade. Tiveram a sua oportunidade e os resultados estão à vista de todos e de todas.
Nos próximos dias vão intensificar a venda da banha da cobra, fazendo promessas mil que durante duas décadas instalados no poder não foram capazes de desenvolver. As suas propostas programáticas reluzem como as pirites, procurando fazê-las passar por ouro que só pode enganar os tolos, está bom de ver!
Parece que até já os estamos a ouvir cantar em coro: Agora sim com amor. Agora sim, com ambição, Agora sim, com trabalho, Agora sim damos a volta a isto! … Agora não, que é hora do almoço... Agora sim, temos a força toda! … Agora não, que me dói a barriga... Vão sem mim, que eu vou lá ter.
Coimbra não necessita de loas de amor, nem tão pouco de proclamada ambição, ou da promessa de aeroportos e muito menos de pimba Pratas a brincar aos independentes com rios de dinheiro para gastar, sabe-se lá de onde vem?! -
Do que Coimbra precisa é de um projecto de ruptura com o paradigma de governação que pouco ou nada tem variado com as mudanças cromáticas que do rosa ao laranja têm ocupado a Câmara municipal.
Do Bloco de Esquerda todos e todas sabem o que esperar: Exigência Rigor, Transparência, coerência de projecto e de ideias.
Tal como há quatro anos atrás, o Bloco de Esquerda afirma claramente ao que vem e o que o move: queremos uma outra Coimbra, mais e melhor cidade; mais e melhor cidadania, mais e melhor participação cidadã, mais e melhor democracia.
Para isso necessitamos de:
- mais reabilitação urbana no centro e menos expansão do betão para as periferias;
- mais capacidade de atracção e rejuvenescimento do centro, com qualidade de vida;
- mais e melhores políticas sociais que respondam às necessidades dos mais carenciados;
- mais e melhor dinamismo associativo cultural e criativo;
- mais e melhor capacidade geradora de inovação criativa e desenvolvimento científico-tecnológico potenciadores de desenvolvimento económico;
- mais e melhor educação e formação que responda de forma eficaz e moderna às necessidades das nossas crianças e jovens;
Queremos:
- uma cidade com uma gestão mais democrática, transparente e aberta ao diálogo com a cidade e à participação dos munícipes;
- uma cidade que se pense e projecte de forma planeada, coerente e harmoniosa e equilibrada na sua relação com as periferias e concelhos limítrofes, e não uma cidade que vampiriza os espaços verdes agrícolas e florestais, criando mais desequilíbrios e problemas à cidade e à qualidade de vida dos cidadãos;
- uma cidade que não seja refém dos interesses da construção e especulação imobiliária;
- uma cidade que não aliene e vampirize os espaços públicos a favor de interesses privados, mas antes os requalifique conferindo-lhes qualidade e sentido de urbanidade;
- uma cidade mais limpa, mais verde e mais respeitadora dos equilíbrios ecológicos e ambientais, e não uma cidade que fere as suas entranhas com destruição do Choupal e atravessamento desnecessário de trânsito pesado;
- uma cidade que recupera e valoriza o seu património monumental e arquitectónico, dando-lhe vida e restituindo-lhe funções;
- com mais mobilidade e melhor qualidade dos transportes públicos;
- mais solidária, tolerante e inclusiva que faça da sustentabilidade social não um slogan mas uma prática a prosseguir;
- uma cidade em que a democracia, na sua verdadeira acepção etimológica se torne um verdadeiro exercício de participação cívica. Por isso pugnamos pelo orçamento e planeamento participativos. Para que os munícipes possam ser ouvidos e possam deliberar sobre as prioridades de investimento na cidade;
- com elevada qualidade de vida, criativa e moderna, que se afirme como pólo cosmopolita dos saberes, da tecnologia e da cultura, capaz de atrair e fixar os mais jovens.
Estes não são meros enunciados vazios de conteúdo, mas antes um programa de acção para a transformação muito concreto.
Coragem para mudar é a nossa proposta e o nosso apelo
É tempo de mudar de políticas e de protagonistas e o Bloco é a única força em condições para o fazer, não só pelo seu programa e coerência na oposição, mas também pela sua capacidade de abertura ao diálogo descomplexado e à construção das convergências dos vários activismos políticos e cívicos necessários para operar as rupturas que se impõem.
Coragem para mudar com uma esquerda de confiança.
Coragem para mudar, os protagonistas e as políticas.
As candidaturas do Bloco de Esquerda constituem, hoje, uma alternativa de esquerda, combativa e credível, disposta a romper com o paradigma e práticas políticas que têm dominado o governo da cidade, vergando-a aos interesses dos poderosos lobbies da especulação imobiliário-financeira.
Nós vamos à luta, para mudar este estado de coisas. Contem connosco!
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